Adalberto Monteiro*.-- Como algo trivial, realizou-se na última quinta-feira, dia 10, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, o lançamento do “movimento pró-impeachment”. Diz a grande mídia que dele participou cerca de meia centena de parlamentares liderados por PSDB, DEM, PPS e Solidariedade.
“O comitê do golpe já, o autodenominado “movimento pró-impeachment”, teve seu lançamento turbinado pelo estardalhaço e pela legitimidade que a grande mídia deu à decisão de rebaixamento do grau de investimento do país por parte da agência
Que se alardeei…trivial, coisa nenhuma!
É um acinte que na “Casa do Povo”seja lançado um movimento para conspirar contra a soberania do voto popular. Que fosse num beco, ou num gueto, já seria uma afronta. Agora, tal conspiração no Congresso, que simbolicamente é considerado a Casa da democracia, revela muita audácia dessas forças reacionárias.
Que não se subestime este episódio.
Aécio Neves, presidente do PSDB, lá não estava, mas esse “comitê do golpe já” nasceu sob suas ideias, sob suas ordens.É ele seu patrono e chefe.
Apesar da pompa e da circunstância que tentaram dar ao ato, apesar dos arroubos cívicos dos discursos, trata-se de um passo a mais – desta vez largo – na direção do golpe que se trama contra a democracia e o Estado Democrático de Direito. O objetivo é claro: derrubar a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita, por intermédio de um impeachment destituído de qualquer base jurídica.
O lançamento deste tal movimento não pode ser menosprezado. Com ele, o golpismo ganhou ares de oficialidade e precisa ser execrado – já no nascedouro – por todos os democratas.
Na internet, embora de modo fajuto, estão coletando assinaturas pró-impeachment. Mesmo veículos da grande mídia já atestaram que uma só pessoa pode assinar quando vezes queira.
O rito está traçado. Tudo combinado. Os atores indicados.
Na próxima quarta, dia 16, dizem que vão enxertar no pedido de impeachment lavrado por Hélio Bicudo pareceres encomendados a Ives Granda e Miguel Reale. Esse “sanduiche”, na opinião dos golpistas, teria força e argumento para assacar contra o mandato da presidenta Dilma oriundo do voto de mais 54 milhões de brasileiros e brasileiras.
E se propagandeia que, no momento oportuno, Cunha, presidente da Câmara, rejeitaria os pedidos de impeachment. A oposição recorreria.
E, por maioria simples, seria instaurado o processo de impeachment. E daí por diante, a instabilidade hoje já reinante seria elevada à enésima potência.
O comitê do golpe já, o autodenominado “movimento pró-impeachment”, teve seu lançamento turbinado pelo estardalhaço e pela legitimidade que a grande mídia deu à decisão de rebaixamento do grau de investimento do país por parte da agência Standar&Poor’s.
Pouco lhes importa que a dita agência seja de duvidosa reputação.O que importa, para a direita neoliberal, é engrossar o caldo do “quanto pior melhor”. Que se lasque a economia nacional, que se alastre o desemprego.
O lançamento deste “movimento pró-impeachment” exige pronta resposta das forças democráticas, das instituições, entidades e personalidades que entendem que a democracia precisa ser preservada e ampliada.
Um eventual silêncio ou menosprezo das forças democráticas irá elevar ainda mais a febre golpista do setor mais reacionário da oposição neoliberal.
* Adalberto Monteiro é editor da revista Princípios e presidente da Fundação Maurício Grabois.
Tomado del Blog do Miro
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